CHRYSOBALANACEAE

Licania indurata Pilg.

Como citar:

Eduardo Fernandez; Marta Moraes. 2019. Licania indurata (CHRYSOBALANACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

13.359,874 Km2

AOO:

24,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019) e ocorre nos Estados: RIO DE JANEIRO, município de Guapimirim (Lima 2275), Itatiaia (Porto 730) e Petrópolis (Goes 152); SÃO PAULO no município de Santo André (Schwebel 81).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Marta Moraes
Critério: B2ab(iii)
Categoria: EN
Justificativa:

Árvore de pequeno porte, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Popularmente conhecida por milho-cozido, foi documentada exclusivamente em Floresta Ombrófila ao longo da Serra do Mar nos estado do Rio de Janeiro e São Paulo. Apresenta distribuição restrita, AOO=20 km², três situações de ameaça e ocorrência em fitofisionomia florestal severamente fragmentada. Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos (Simões e Lino, 2003); no estado do Rio de Janeiro, a Mata Atlântica que outrora cobria toda a sua extensão encontra-se hoje reduzida a menos de 20% de sua cobertura original, e em São Paulo, os remanescentes perfazem cerca de 13% (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). Apesar de ser comum em algumas áreas, como na Reserva Biológica da Jureia (C.A. Sothers, com. pess.), a espécie sofre incidência de vetores de stress como desmatamento, crescimento urbano, turismo predatório e de atividades agrosilviculturais desenvolvidas nos municípios em que foi registrada, mesmo dentro dos limites de Unidades de Conservação (Lapig, 2019; SOS Mata Atlântica e INPE, 2019; Castro, 2008; Carvalho, 2006; Teixeira, 2006; Kurtz e Araújo, 2000). Diante desse cenário, a espécie foi considerada "Em perigo" (EN) de extinção novamente. Assim, infere-se declínio contínuo em extensão e qualidade de habitat. Devem ser incentivadas ações de pesquisa (busca focal pela espécie na natureza, distribuição e censo populacional) e conservação (in situ e ex situ, inclusão em Plano de Ação e Planos de Manejo) para garantir sua perpetuação na natureza. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para sua região de ocorrência nos estados em que foi documentada.

Último avistamento: 1984
Quantidade de locations: 3
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim
Razão para reavaliação? Other
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada pelo CNCFlora em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como "Em Perigo" (EN) na Portaria 443 (MMA, 2014) sendo então necessário que tenha seu estado de conservação re-acessado após 5 anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Não
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 EN

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Árvore endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com folhas oblongo/laceoladas e nervura ligeiramente impressa acima (Ghillean T.; Sothers, 2003). Nome comum: "milho cozido" (Prance, 1989)

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Fenologia: perenifolia
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa
Habitats: 1 Forest
Detalhes: A espécie ocorre em formação montanhosa da Mata Atlântica da Serra do Mar. O registro botânico (Schwebel, E., 81, SP 567) indica floração de abril a maio.

Reprodução:

Sistema sexual: hermafrodita

Ameaças (7):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1 Residential & commercial development habitat past,present,future regional very high
Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003).
Referências:
  1. Simões, L.L., Lino, C.F., 2003. Sutentável Mata Atlântica: a exploração de seus recursos florestais. São Paulo: Senac.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.2 Wood & pulp plantations habitat past,present,future regional high
O município de Petrópolis com 79580ha tem 0,01% de seu território (10ha) transformado em floresta plantada. (Lapig2018). O município de Itatiaia com 24515 ha tem 0,4% de seu território (111 ha) transformado em floresta plantada (Lapig, 2018).
Referências:
  1. Lapig, 2018. http://maps.lapig.iesa.ufg.br/lapig.html (acesso em 12 de Novembro de 2018).
  2. Lapig, 2018. http://maps.Lapig.iesa.ufg.br/Lapig.html (acesso em 07 de novembro 2018).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 7.2 Dams & water management/use habitat past,present,future local very high
O município de Petrópolis com 79580ha possui 2 unidades de hidrelétricas. (Lapig2018)
Referências:
  1. Lapig, 2018. http://maps.lapig.iesa.ufg.br/lapig.html (acesso em 12 de Novembro de 2018).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3 Livestock farming & ranching habitat past,present,future regional very high
O município de Petrópolis com 79580ha possui 5,3% de seu território (4238ha) transformado em pastagem. (Lapig2018). O município de Itatiaia com 24515 ha tem 16,2% de seu território (3983 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de Guapimirim com 36014 ha possui 29% de seu território (10586 ha) convertidos em pastagem. (Lapig, 2019).
Referências:
  1. Lapig, 2018. http://maps.lapig.iesa.ufg.br/lapig.html (acesso em 12 de Novembro de 2018).
  2. Lapig, 2018. http://maps.Lapig.iesa.ufg.br/Lapig.html (acesso em 07 de novembro 2018).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1.3 Tourism & recreation areas habitat past,present local medium
"Guapimirim tem despertado a atenção de admiradores da natureza tornando a área um atrativo turístico, além da especulação imobiliária que vem se desenvolvendo degradando a área nativa (Guimarães, com. pess.). O Parque Nacional da Serra dos Órgão é um dos principais roteiros turísticos da região, porém nem sempre o turismo é realizado de maneira respeitosa à natureza (Castro, 2008)."
Referências:
  1. Castro, E.B.V. de, 2008. Plano de manejo do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Brasília, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Portaria ICMBio. Brasil.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 5.1 Hunting & collecting terrestrial animals habitat,occurrence past,present,future local very high
Nos dias atuais, o maior problema da Estação Ecológica do Paraíso não é a utilização direta de seus recursos vegetais e sim a grande pressão exercida sobre a fauna (Kurtz e Araújo, 2000). Caçadores e passarinheiros estão permanentemente em atividade na área da Estação Ecológica Estadual Paraíso, onde a espécie possui o maior número de registros, estimulados pela ausência de uma fiscalização eficiente, sendo comum grandes acampamentos e/ou restos de armadilhas usadas na caça (principalmente o toco ou trabuco) (Kurtz e Araújo, 2000). Esta degradação de mamíferos e aves tem, obviamente, reflexos danosos importantes na vegetação, uma vez que nas florestas tropicais um grande percentual de espécies tem nestes animais seus vetores de dispersão (Kurtz e Araújo, 2000).
Referências:
  1. Kurtz, B.C., Araújo, D.S.D. de. 2000. Composição florística e estrutura do componente arbóreo de um trecho de Mata Atlântica na Estação Ecológica do Paraíso, Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro, Brasil. Rodriguésia 51(78/115): 69-112
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2 Agriculture & aquaculture habitat past,present,future regional very high
A Estação Ecológica do Paraíso possui trechos de seu solo ocupados por matas secundárias ou ocupação agropecuária, voltados para pastagens e culturas de subsistência (Kurtz e Araújo, 2000). Áreas não urbanizadas, mas que não mais possuem as características originais de sua vegetação, são comumente utilizadas para as atividades agropastoris, tanto no interior quanto nos arredores da Reserva Biológica do Tinguá (Teixeira, 2006). Um intenso processo de intervenção ocorreu na Bacia do Rio São João e modificou as áreas circunvizinhas à Rebio Poço das Antas, outrora caraterizadas pela floresta de restinga, planície costeira, floresta de encosta atlântica, manguezais e vegetação típica de pântanos. Contribuíram para isso principalmente os desmatamentos para a implementação de cultivos e pastagens, além de abertura de estradas e execução de obras de engenharia nesta bacia (ICMBio, 2005). As Florestas Ombrófilas Densas de baixada ou de Terras Baixas (até 250 m de altitude) das proximidades da Rebio foram totalmente suprimidas para dar lugar a pastagens e monoculturas, e hoje se encontram reduzidas a menos de 7% de sua cobertura original (Carvalho et al., 2006). O uso do solo nas áreas circunvizinhas da ARIE Floresta da Cicuta está relacionado a fragmentos de mata em estágio inicial/ médio de sucessão, antigos plantios de Eucalyptus spp. e pastagens (Alves e Zaú, 2005).
Referências:
  1. Kurtz, B.C., Araújo, D.S.D. de, 2000. Composição florística e estrutura do componente arbóreo de um trecho de Mata Atlântica na Estação Ecológica Estadual. Rodriguésia 51, 69–112.
  2. Teixeira, L.H. dos S., 2006. Plano de Manejo da Reserva Biológica do Tnguá. Brasil.
  3. Carvalho, F.A., Nascimento, M.T., Braga, J.M.A., 2006. Composição e riqueza florística do componente arbóreo da Floresta Atlântica submontana na região de Imbaú, Município de Silva Jardim, RJ. Acta Bot. Bras. 20, 727–740.
  4. ICMBio, 2005. Revisão do Plano de Manejo da Reserva Biológica de Poço das Antas - Encarte 1. Brasil.

Ações de conservação (3):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
Espécie inserida em Unidades de Conservação: ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE PETRÓPOLIS (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL CARAPIÁ (US), MONUMENTO NATURAL MUNICIPAL DO PICO DO ITAGUARÉ (PI).
Ação Situação
3.4 Ex-situ conservation on going
Licania indurata Pilg. também foi registrada no arboreto do Jardim Botânico de São Paulo (Da Costa, 2008).
Referências:
  1. Da Costa, M.L.N., 2008. Conservação de espécies ameaçadas de extinção nos jardins botânicos brasileiros. Tese apresentada ao Programa Pós- Grad. em Botânica, Esc. Nac. Botânica Trop. do Inst. Pesqui. Jard. Botânico do Rio Janeiro 136.
Ação Situação
5 Law & policy needed
A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção : Território Espírito Santo - 33 (ES) e Território SP - 20 (SP).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.